domingo, 18 de outubro de 2009

PSICOLOGISMOS E FUNK

Quero ver essas psicólogas fazer terapia num contrabandista da favela da rocinha ou do morro do alemão.
Levam bulling na hora.
Tenho pensado seriamente nos processos de intervenção viáveis numa favela.
Será que seriamos Psicanalistas, Constructivistas, Behavioristas, Cognitivistas, Sistémicos, ou Ecléticos?
Teriamos visão político-social como um bom maçom, ou veríamos as coisas apenas em termos de cultura?
Ah ah, se fossemos por esse último prisma estaríamos tramados, iríamos ser imediatamente engolidos pelo estoicismo carioca e pelos mais recentes conceitos da favela chic, que incluem a moda funk e o humanismo feijão-com-arroz.
Como instauraríamos uma psicanálise mainstream de que os meninos da favela são craques?
Sugiro aos mais altos comissários da Psicologia mundial que comecem a promover estágios na favela. Que experiência eu ganharia como psicóloga!
Ai Ai, quantos doutoramentos ficariam em águas de bacalhau!
E, porque psicologismos sôtora?
Porque é exactamente o que tem sido o nosso erro, e o que nos tem impedido de avançarmos e, consequentemente, de sermos eficazes, tenazes, sagazes, e fugazes como a faísca entre dos amantes que se entreolham.
Tais qualidades, dignos camaradas, é tudo o que precisamos.
O psicologismo já teve o que tinha a dar, e para mais informações sobre o que significa psicologismo consulte, entre outros, a obra de Viktor Frankl. Quero, no entanto rematar, que não é apenas a negação do espírito sino que também se trata da negação do contrário, a saber, do material.
Pois é em locais como uma favela que se vê quem é quem, quem estudou para o seu umbigo, ou para servir a Humanidade. Em locais como esses, intelectualismos não têm lugar, muito menos saber enciclopédico vazio. O que conta é ciência, e ciência aplicada. E na Ciência não há lugar para psicologismos.
É numa favela que vemos quem aprendeu a tal da regra da neutralidade, que me deram a conhecer na minha segunda aula da Faculdade. Trocado por miúdos, lá que vemos se temos preconceitos e emitimos julgamentos, se somos senso-comum ou não.
Psicologismos e funk. Dá para encarar?

1 comentário:

  1. Olá outra vez. A propósito disto, fui este fim de semana a uma palestra do sr. Valdeci, co-fundador das APAC, cadeias sem guardas, no Brasil. Acho que terias gostado de ouvi-lo. Fica bem

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